POSIÇÃO DA IPB EM RELAÇÃO A UNÇÃO COM ÓLEO – SC-E-12/11/2014

DOC.XVII – Quanto ao documento 005 – Oriundo do(a): Comissão nomeada pelo SC-IPB 2010 – Ementa: Relatório da Comissão nomeada para responder consulta sobre Pratica de unção com óleo.

O SC-E/IPB 2014 RESOLVE:

1) Tomar conhecimento; 2) Aprovar o relatório nos seus termos, a saber:

CONSIDERANDO QUE:

1) Apesar de encontrarmos no Antigo Oriente a unção com óleo com finalidades profiláticas e medicinais, não encontramos esta prática no Antigo Testamento associada com freqüência ao ofício dos sacerdotes e profetas. Conforme a exposição do Dr. Augustus Nicodemus ; “o óleo referido por Tiago é o de oliva, comum na Palestina, que é mencionado mais de 200 vezes na Bíblia. Ele era usado como combustível de lâmpadas (Mt 25.3,4,8), como remédio (Lc 10.34), para unções em festas (Lc 7.46; cf Hb 1.9: uma possível referencia à festa da consagração de reis). Por fim, a unção do doente deveria ser feita “em nome do Senhor, à semelhança de outros atos cristãos, como pregar (At 9.28; Tg 5.10), disciplinar membros faltosos (1 Co 5.4), passar determinações apostólicas (2 Ts 3.6) ou os atos cristãos em geral (Cl 3.17)“.

2) O Antigo Testamento usa a palavra mãshah (chrio na LXX) na unção com óleo de reis, profetas e sacerdotes para a consagração em seus respectivos ofícios (1 Sm 9.16; Ex 29.7; 1 Rs 19.16). No Novo Testamento a ordenação de presbíteros e diáconos é realizada pela imposição de mãos e não mais pela unção com óleo (At 6.1-6; 1Tm 4.14; 2 Tm 1.6).

3) Segundo Lothar Coenen e Colin Brown, o Novo Testamento usa a palavra aleiphõ (ungir) somente 8 vezes, em contraste com a palavra mais importante chrio (ungir) usada sistematicamente no Antigo Testamento (Septuaginta). Logo, o Novo Testamento usa a palavra aleiphõ (ungir) para se referir consistentemente à ação física de ungir, praticada exclusivamente sobre pessoas: para o cuidado do corpo (Mt 6.17); como sinal de honra a um hóspede (Lc 7:38, 46; Jo 11:2; 12:3); honrar os mortos (Mc 16.1); e na oração pela cura dos enfermos (Mc 6.13; Tg 5.14). Os discípulos de Jesus Cristo curaram numerosos doentes ungindo-os com óleo (aleiphõ), vemos isto, em uma das viagens missionárias ordenadas pelo Senhor, de acordo com Marcos 6.13.

4) Tiago recomenda que os presbíteros,a pedido dos próprios crentes enfraquecidos por uma doença, os visitem e orem por ele ungindo-o com óleo em nome do Senhor (Tg 5.14).

5) A prática recomendada por Tiago não tinha caráter medicinal, uma vez que a mesma era para ser feita pelos presbíteros, em nome do Senhor e acompanhada de oração e fé.

6) A oração da fé mencionada por Tiago (5:15) é dada por Deus quando soberanamente deseja curar o doente através da oração; não sendo este o caso sempre.

7) A Confissão de Fé de Westminster não inclui a unção com óleo entre os elementos de culto: A leitura das Escrituras com o temor divino, a sã pregação da palavra e a consciente atenção a ela em obediência a Deus, com inteligência, fé e reverência; o cantar salmos com graças no coração, bem como a devida administração e digna recepção dos sacramentos instituídos por Cristo – são partes do ordinário culto de Deus, além dos juramentos religiosos; votos, jejuns solenes e ações de graças em ocasiões especiais, tudo o que, em seus vários tempos e ocasiões próprias, deve ser usado de um modo santo e religioso (CFW XXI, 5)

8) Da mesma forma os Princípios de Liturgia da IPB não incluem a unção com óleo como parte do culto presbiteriano: O culto público consta ordinariamente de leitura da Palavra de Deus, pregação, cânticos sagrados, orações e ofertas. A ministração dos sacramentos, quando realizada no culto público, faz parte dele (PL Art. 8).

9) A unção de doentes com óleo foi deturpada pela Igreja Católica Apostólica Romana que a transformou no sacramento da extrema unção a ser aplicado a doentes terminais, sendo duramente criticada por João Calvino, mas que continua em prática até os dias de hoje, na Igreja Católica Apostólica Romana, conforme a Constituição Apostólica “Sacram Unctionem Infirmorum“ – sobre o sacramento da unção dos enfermos de 30 de novembro de 1972 do papa Paulo VI.

10) As igrejas neopentecostais, da mesma forma, deturparam o sentido bíblico da unção de doentes, transformando-a em ato litúrgico público visando libertação de enfermidades e demônios, e emprestando um caráter místico à mesma e também na unção de objetos.

11) É necessário visitar os enfermos e trazer-lhes conforto e esperança.

12) Que a oração da fé e a unção com óleo não deve substituir a busca pelos recursos da medicina. Conforme afirma Dr Hernandes Lopes: “Cremos firmemente que a medicina é dádiva de Deus. Cremos que ela deve ser usada como recurso legítimo, estabelecido pelo próprio Deus.

 

O SUPREMO CONCÍLIO RESOLVE:

1) REAFIRMAR que Deus é soberano para atender ou não, aos pedidos nas orações, segundo sua suprema vontade, independente da fé do crente.

2) DETERMINAR aos pastores e presbíteros que não unjam pessoas ou objetos com óleo durante cultos de qualquer natureza, públicos ou em casas, quer sejam reuniões ou encontros em quaisquer lugares.

3) PERMITIR excepcionalmente que a unção com óleo seja realizada, exclusivamente em pessoas, nunca em objetos, pelos pastores e presbíteros somente quando forem convidados por membros enfermos de suas igrejas, em suas casas, orando por eles e suplicando de Deus o seu pronto restabelecimento.

4) Que a exceção mencionada no item anterior fica à discrição dos pastores e presbíteros das igrejas locais uma vez certificados de que o enfermo irá gerar superstições e misticismo.